terça-feira, 4 de setembro de 2007

Residência publicada no livro Casa & Cia.


“ARQUITETURA DOS SENTIDOS”. Este foi o tema para a seleção dos projetos publicados nesta última edição do livro Casa & Cia.
Talvez o nosso projeto tenha sido selecionado por perceberem nele a busca de sentido, “Sentido de Lugar”. Localizada em Canela, RS, esta obra foi a remodelação de uma residência já existente, e que apesar de muito grande, tinha conflitos espaciais e sensoriais. Com seus espaços compartimentados, funcionalmente rígidos, e totalmente sem alma, ela não conseguia contemplar a busca de integração que a família desejava entre si e com seus amigos e convidados. Pareceu-me que a grande solicitação do projeto, traduzia-se no desafio da busca de SENTIDO. Isso mesmo, SENTIDO, sentido como significado, mas também como sensação... sentimento. Interessante não é mesmo? Alguma coisa, lugar, pessoa ou pensamento, podem ter significado para nós, sem termos em relação a eles sensações e sentimentos? Penso que não. O “sentido de lugar” é a percepção de pertencer, de ser acolhido, de ser íntimo. O “sentido de lugar” desenvolve-se em nós através da vivência em um lugar com sentido. Pense num lugar arquetípico chamado útero. Talvez seja isso que buscamos reproduzir nas nossas casas; um facilitador da felicidade. E é disso que fala Alain de Botton no seu livro Arquitetura da Felicidade quando diz que;“O questionamento da idéia de beleza na arquitetura, está intimamente associado à felicidade e ao bem-estar das pessoas. Afinal, prédios belos têm a peculiar capacidade de provocar boas sensações, enquanto lugares desagradáveis podem ser verdadeiros convites à infelicidade.” Assim, trouxemos para esta intervenção, um conceito espacial que coloca para os proprietários a responsabilidade e a liberdade de ocupar o vazio, de acordo com as necessidades e sistemas classificatórios próprios. Ao mesmo tempo em que dá a eles um suporte arquitetônico para tal. Usada como centro integrador, a enorme lareira, atua como eixo do projeto e organiza os quatro níveis como lugares em busca de sentidos, como em um acampamento ou uma tenda, embaixo da qual tudo pode acontecer em torno do fogo. Perde-se em privacidade, derrubando-se as barreiras físicas, ganha-se em integração e ludicidade, aumentando a percepção e as sensações. A grande cobertura, dividida no seu eixo por uma enorme clarabóia, abriga mezaninos e desníveis, banhados por uma luz abundante e uma visão intensa dos jardins. Lá em baixo, no subterrâneo, um lugar pra fazer música e beber vinho. Casa feita pra sentir, pra viver... Acho que deu certo!
Projeto: Arq. George Martins
A obra foi executada pelo arquiteto Eron Maroni (51) 9226-4208

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