
"As obras dos arquitetos evoluem, hoje, entre o hábito, a bobagem e o desprezo. O hábito, porque muitas pessoas não pensam na organização do cômodo quando constróem ou compram um imóvel, e os arquitetos e incorporadores fazem, portanto, o que sempre se fez.
A bobagem, porque certos arquitetos imaginam que passarão por imbecís se se recusarem a prever uma sala de visitas e uma sala de jantar na casa dos clientes.
Finalmente, o desprezo, porque arquitetos e incorporadores imaginam ser suportável que, ao fim de um dia de trabalho, uma mulher seja obrigada a ficar preparando a refeição na cozinha, fazendo idas e vindas à sala, onde o resto da família assiste TV. Faz vinte anos que eu brigo para instalar a cozinha na sala de estar, abandonando a mesa convencional. Estas duas ações, que os idiotas e os cegos poderiam qualificar de estéticas, são, na verdade, eminentemente políticas."

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